sexta-feira, 7 de maio de 2010

Dirty Dancing Com Lobos



Lembro-me de não há muito tempo atrás pedir desculpa pela utilização de um dos títulos cinematográficos utilizados num texto na sua língua original, nesse caso a inglesa, argumentando que nada teria a ver com a maior facilidade em criar um trocadilho interessante. Não é isso que acontece neste caso. O título de” Dirty Dancing” em Portugal foi nada mais, nada menos do que “Dança Comigo”, o que a misturar com o segundo filme resultaria numa grande trapalhada e no mínimo em ferimentos ligeiros para os intervenientes. Ou bem que danças comigo, ou bem que danças com lobos, com os dois ao mesmo tempo é muito provavelmente perigoso. Ultrapassado este problema surge-nos outro. E como situar um professor de danças latinas na guerra civil norte-americana? Com muita dificuldade, mas com extrema necessidade caso queiramos criar uma história por muito estúpida que ela seja. Com certeza que os combatentes da guerra civil teriam variadas profissões, por isso é de supor que algures lá no meio houvesse um professor de dança. Um tipo que após ter sido reconhecido como herói de guerra, graças ao sucesso de uma das suas missões, é recompensado com a possibilidade de escolha do lugar onde poderá continuar a servir o exército. Ele pede para ser destacado para junto da fronteira, para um posto longínquo e solitário, onde não acontece nada de especial à excepção de aos poucos ir travando conhecimento com grupo de índios Sioux. Além disso vai criando uma relação de confiança com um lobo que vai aparecendo nas redondezas, e ao qual ele dá o nome de “Peúgas Rotas”. Aos poucos vai tentando comunicar com os índios através de gestos, passando posteriormente a utilizar algumas palavras e finalmente criando uma relação de amizade com alguns dos índios, o que vem mais tarde a provocar, um afastamento dos seus colegas de exército e até o abandono total das suas obrigações como militar, optando por se juntar definitivamente aos índios que na altura tentavam lutar pela permanência num território que consideravam ser seu e que começava a ser ameaçado pelo exército. Assim que é levado até à aldeia índia, é apresentado imediatamente ao grande chefe “Cabeça de Piaçaba”, e ao curandeiro “Bugalhos Alucinados” que lhe dão as boas vindas. Pouco tempo depois conhece uma mulher branca que vivia com os índios desde criança, e que dava pelo nome de “Vaca Deitada”, e pela qual ele se apaixona imediatamente. Às tantas quando se apercebe está a dar-lhe aulas de danças latinas às escondidas, uma vez que “Cabeça de Piaçaba” (o pai adoptivo da rapariga), não aprova a relação entre ambos. Tudo isto porque na primeira oportunidade que teve, não é que o tipo se põe em frente a toda a gente a gingar as ancas ao ritmo da música, como se fosse uma havaiana com epilepsia. A partir desse momento o grande chefe apercebeu-se que o caldo estava entornado e atribui-lhe o nome índio “ Cátia Vanessa”. Um orgulho, pois claro. Mais tarde veio a permitir a relação entre os dois, uma vez que “Vaca Deitada” pura e simplesmente não conseguia esquecer  “Cátia Vanessa”, mas com a condição de que “Cátia Vanessa” dançasse o menos possível e de preferência longe da aldeia, caso contrário teriam de resolver o problema partindo-lhe as pernas.

A parte final, em que a tribo é parcialmente chacinada pelo exército, e em que “Cátia Vanessa” e a sua amada têm de fugir se quiserem salvar as suas vidas, não vale a pena contar agora pois iria estragar a única coisa decente neste filme. A que eu não inventei, portanto.



 


1 comentário:

(AP) disse...

Bom ve-lo de volta Fernando Pessoa do cinema!!! Podias ter dito que ficaste um tempo sem escrever porque o carregamento de erva inspiradora foi apreendido qd estava a chegar ao Algarve ! :D
Grande abraço!

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