sábado, 16 de maio de 2009

Caros Portugueses




Não andam a tratar bem o povo português e estou plenamente convicto que temos razões para começar a ser um bocadinho mais orgulhosos do que aquilo que aparentamos ser. Se por exemplo um estrangeiro se lembra de virar um dedal de pernas para o ar, acabou de inventar uma malga de cereais para duendes (objecto indispensável nos dias que correm); Se por sua vez um português que tem apenas à sua disposição dois carrinhos de linhas, uma lata de atum, um saco de nozes, papel de celofane, uma cabra e um canivete faz um veículo motorizado de dois lugares, amigo do ambiente e movido a excrementos de proveniência caprina, é claramente uma pessoa com demasiado tempo livre e que deveria era ir trabalhar como todas as restantes.
Parte deste fenómeno também é visível no cinema como se pode comprovar no filme “O Amor Acontece” que se insere na minha categoria de filmes ”até poderia ter sido suportável se não se tivessem armado em bestas” e em que o povo português sai verdadeiramente dignificado. Se ao menos a personagem interpretada pela Lúcia Moniz fosse espanhola, aí sim, falava inglês fluentemente; Se fosse francesa, aí sim, falava inglês com relativa facilidade; mas não!... Tinha de ser portuguesa, do país do desenrasque, e no entanto parecia que mais depressa conseguiria extrair o apêndice pelo nariz do que dizer um sempre complicado “yes”. É certo que gosto de ouvir falar português em filmes estrangeiros mas nunca a fazer de mim um asno e nunca a insinuar que para os ingleses e os portugueses se entenderem têm que frequentar aulas de linguagem gestual.
Quando pensava que o filme não podia piorar, o gajo inglês lembra-se de vir a Portugal atrás da gaja portuguesa e dá de caras com a irmã dela, um trambolho refilão de bigode farfalhudo, à qual ele não sabe se pergunta pelo paradeiro da irmã ou se aproveita para lhe comprar meia dúzia de fanecas e um chicharro; como se não bastasse enquanto vai andando na rua é seguido por uma multidão de parolos de boca aberta que como é óbvio não podiam desperdiçar a oportunidade de admirar ao vivo um belo espécime inglês fora do seu habitat natural.
Temos portanto que nos dar ao respeito e deixar de prestar vassalagem a tudo o que vem de fora pois de contrário corremos o risco de que no futuro, e seja na matéria que for, sempre que haja referências a Portugal percebamos que realmente … A Merda Acontece!

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